terça-feira, 11 de agosto de 2015

RECORDAMOS MÁRIO BOTAS | Com Lisa Santos Silva (1)


«Documentário sobre o artista plástico Mário Botas. Natural da Nazaré e médico de formação, a sua vasta obra artística inclui trabalhos de pintura, desenho e ilustração. Faleceu prematuramente aos 30 anos, vítima de leucemia».

Neste post queremos recordar Mário Botas - e podemos começar pelo vídeo da imagem . E porquê lembrar? Porque sim - talvez  porque era «um grande artista e médico». Está bem, há uma razão próxima, e depois as coisas são como as cerejas: no começo a balbúrdia em torno da «Coleção SEC», depois a Lisa Santos Silva esteve em Lisboa, e começámos a lembrar os artistas que conhecemos lá pelo Verão Quente, comentando nós, e outros à nossa volta, que alguns estarão na «coleção», e assim chegámos a Mário Botas.  Para a Lisa era mais do que conhecer, era amigo. Entretanto, já em Paris, como continuando a reviver o passado, a Lisa enviou-nos recordações, e porque não partilhar!, pensamos, e foi assim que aconteceu. Não esgotando o que recebemos:


Outra memória:

E depois há destas coisas,  conta a Lisa:

«Um dia... foi em 2013, telefonei ao Hospital da Cuf Descobertas na intenção de
marcar consulta.
Uma viagem a Lisboa estava prevista e eu tinha vontade de ter uma consulta em
português....
A consulta foi marcada e, como há muitos anos que vivo em Paris, perguntei qual
era a direcção exacta, ao que me foi respondido: Rua Mário Botas.
Era com o Mário que eu estava a marcar encontro!
A minha emoção transbordou em lágrimas de tristeza e de felicidade.
O Mário e eu, vivemos uma amizade ímpar.
Fazíamos "cadavres exquis" comprávamos canetas Rotring, caríssimas de tal
maneira se entopiam ...
Mas as do Mário não! O Mário desenhava com a n°1 sem problema .... Assim,
acabei eu por abandonar as Rotring...
Durante o dia corríamos Lisboa de eléctrico, passeavávamos em jardins, fossem
eles cemitérios ou não. Interrogávamo-nos sobre o que seria esta ideia de ser
artista...e o futuro desenhava-se-nos de medos e de entusiasmos!
Ao chegar a casa do Mário, encontrava-o inundado de cantos Gregorianos e
debruçado na banheira :
- " Olha que descobri esta maneira de lavar as aguarelas em banhos de água, isto
dá-lhes uma transparência especial ! "
Depois, ao separar-nos, escreviamo-nos cartas cheias de lua.
Vim para Paris numa ousadía difícil e os nossos caminhos separáram-se mas não
as nossas almas.
Trouxe comigo o maravilhoso desenho, autoretrato, que para mim fez e com ele
vivi estes anos.
Mas uma inquietação começava a assaltar-me: este desenho deveria estar, visível,
em Portugal.
A vida indica-me o caminho, ou será o Mário ?
Contactei a administração do Hospital propondo a oferta do desenho.
A administração aceitou perplexa, não sabia quem era Mário Botas, não sabia que
era um grande artista e médico !
A vida tem mesmo mais imaginação do que nós, nós temos é de estar atentos.
O desenho está, hoje, no seu lugar, na sala de espera do hospital de dia do serviço
de oncologia do Hospital Cuf Descobertas, rua Mário Botas».
 Lisa Santos Silva -10 de Agosto de 2015

Recorte de uma fotografia com uma equipa do Hospital
junto ao desenho

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