domingo, 9 de março de 2014

Senhor Secretário de Estado da Cultura, não é apenas «DISCUTÍVEL», é mais do que isso ! | Estamos no âmago da Reforma do Estado


Artigo disponível no Público online.

Lê-se, e não se acredita. Mas, depois, entra-se no trivial com que o Secretário de Estado da Cultura nos habituou. Agora com a anuência de pessoas de quem se esperaria outra postura. Estamos face a uma Direção Artística, camuflada, em «outsourcing». E acham isto normal ! Vejamos, o Diretor Artístico é quem assegura identidade da coisa ... . Nem o mais empedernido tecnocrata poderá estar de acordo com isto ... . Um lugar de direção - não uma direção qualquer, é a nuclear -   a ser exercida por um consultor, exterior, e que é Diretor de um outro Teatro, e estrangeiro. E depois admiramo-nos quando confundem Portugal com Espanha!  O jornalista - Tiago Bartolomeu Costa - bem tenta evidenciar o absurdo, e só desejamos que não desista porque o que está aqui em causa é grave. E tem de ser esclarecido, para além do Secretário de Estado da Cultura. Pelo Governo, como um todo, naturalmente. Ou seja, o Senhor Primeiro Ministro não pode encarar o assunto como uma coisa menor. Mas vamos à notícia, através de alguns excertos:

«Paolo Pinamonti será durante os próximos três anos consultor para a programação do Teatro Nacional São Carlos (TNSC) e não está prevista a nomeação de um director artístico enquanto esta situação se mantiver. Esta é a principal novidade da conferência de imprensa que esta quinta-feira juntou no salão nobre do TNSC Pinamonti, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e os recém-empossados membros da administração do Opart, o organismo que gere o TNSC e a Companhia Nacional de Bailado (CNB), José António Falcão e João Pedro Consulado». 

 «não está prevista»
Como é !, os diplomas orgânicos foram alterados? Isto é matéria que depende do «gosto» do Secretário de Estado da Cultura? E para além  da questão jurídica temos direito a que nos digam qual o referencial de gestão que estão a seguir. Estamos na União Europeia, temos de acreditar na ciência e na técnica. Isto não pode ser matéria de opinião. Da opinião do Senhor Secretário de Estado, nem tão-pouco de quem aceitou esta solução.

«Paolo Pinamonti confirmou ao PÚBLICO que o seu contrato acompanha o mandato da nova administração, que inclui ainda o pianista Adriano Jordão como vogal, e com quem o actual director do Teatro da Zarzuela dialogará, sem contudo assumir a responsabilidade da programação. “Pediram-me ajuda e pela minha relação afectiva com o São Carlos decidi aceitar”, explicou, reatando assim uma relação interrompida em 2007, depois de mandatos que, disse o próprio secretário de Estado, haviam tornado o São Carlos num teatro de referência».

«ajuda»«relação afectiva»
Mas o que é isto! que amadorismo é este! Não estamos na colectividade do bairro, com toda a admiração pelas Colectividades de bairro. É um Teatro Nacional, que não pode ser governado assim, por um acordo entre amigos, onde não se percebe qual a responsabilidade por que têm de responder. Deve ser qualquer coisa do género: se as coisas correrem bem (mas como é que isso pode ser, se já está mal !), todos estariam lá, mas se as coisas correrem mal ... .  De quem seria, será, a responsabilidade !

E para se terminar, por agora, evidenciemos mais isto:  «Os contornos desta colaboração de Pinamonti com o São Carlos são, contudo, diferentes das que eram no passado. O PÚBLICO questionou, mais tarde por email, o gabinete da SEC relativamente aos valores do contrato, bem como a diferença entre esse valor e o que é pago a um director artístico, mas ainda não obteve resposta.
Pinamonti, que saíra do TNSC em ruptura com o modelo de fusão com a CNB, que hoje continua em vigor, não deixará Madrid e apenas acompanhará as produções “no que for possível”, auxiliando a direcção na “recredibilização do teatro”.

Por último, o Secretário de Estado da Cultura vai ao Parlamento,  e só podemos  exigir que os Senhores Deputados não deixem passar isto em branco, e que obriguem o Senhor Secretário de Estado a respeitar a inteligência dos cidadãos e das cidadãs, e impedir que  embarque em soluções que ofendem, e  em que a única defesa que apresenta é dizer que é «DISCUTÍVEL». 








Sem comentários:

Enviar um comentário