domingo, 5 de março de 2017

De que fala o ministro?


Recorte da entrevista dada ao Expresso | Revista E | 25FEV2017


O recorte da imagem é de uma entrevista que o Ministro da Cultura deu a semana passada ao Expresso - o texto é de Ana Soromenho e de Nicolau Santos e as fotografias de Tiago Miranda - e até hoje não demos por qualquer comentário que tenha provocado. Também por isso a irrelevância do Ministério da Cultura? Compreende-se que entre os SMS sobre a Caixa Geral de Depositos que vão ser analisados no Parlamento, as declaraçoes de Teodora Cardoso quanto ao milagre do déficit, as transferências para os offshores que escaparam à divulgação pelo Ministério das Finanças,  não haja espaço para a CULTURA e as ARTES. Muito menos para o Ministério e Ministro da Cultura. Mas a entrevista naquilo que tem sobre a função institucional atual do entrevistado, o que aqui nos interessa -  e deixemos o que visa o poeta,  o diplomata, o pessoal - é deveras preocupante. A dado momento interrogamo-nos  de que estará a falar o Ministro, e  que realidade será aquela que alimenta tal discurso, como cola com o  programa do governo e com o que os partidos que apoiam a solução governativa defendem. E sobre que emergência e que calendário para  fazer face ao desastre tanto atacado durante a campanha eleitoral. Ilustremos a partir do excerto da imagem.
Primeiro, a maneira como se chega a Ministro não pode assentar num desafio pessoal. Desculpem, julgávamos que tinha que se conhecer a realidade que se vai governar. Sim, conhecer o essencial sob várias perspectivas, não o confundido com o pormenor deste ou daquele dossiê.   Não se pode aceitar que se vá para o lugar assente na cultura geral de cada um, lançando mão do poder  intelectual de uma elite que começa a ganhar forma por aí, em que é visivel uma dicotomia: de um lado os governantes iluminados, como que uma inerência do lugar,  de outro os governados a precisarem de ser orientados. De que desafio fala o Ministro? Se é da esfera pessoal, fique lá com ele, mas o que o País quer saber é do desafio coletivo, e onde o podemos aprofundar, «preto no branco». Não, não pode esgotar-se naquelas «melhorias» e naquela descrição, que apenas mostram que o governante já contactou com alguns assuntos. Precisamos de um diagnóstico técnico, concreto, global, e não de coisas avulsas. Precisamos de uma calendarização abrangente para a ação. E já estamos tão atrasados: corre o segundo ano do Governo ...
Vamos às fusões, muito bem, o que é que já se fez para reverter o que existe? Nada, continua tudo na mesma. Ou seja, não se alterou o que o PREMAC  fez aos serviços. Para alem do livro, dos arquivos, ... Recentemente alegou-se que não havia  dinheiro, e a jornalista até ripostou que esse era   o argumento do anterior governo.
 No que se refere à DGARTES, o que está escrito «dá vontade de chorar». Perante a realidade interna e externa  o que se refere não se compreende, mas entremos na coisa mencionada, e então  há que dizer concretamente falas como estas: de quem é  culpa de não haver orçamento; se havia verbas quem é que não as acionou; se ...Ora, verdadeiramente na esfera da DGARTES nada mudou, e como  não mudou está tudo pior. Como um doente a quem não se atalhou a doença ..., e piorou. Uma boa evidência, foi neste governo que a CORNUCÓPIA acabou. O remédio não chegou a tempo ... 
E terminemos olhando aquele ideia de funcionário público: «arrumadinho», burocrata. Ó senhor Ministro, com todo o respeito pelas virtudes da burocracia, que as tem, no século XXI precisamos de «trabalhadores do conhecimento», inquietos, à procura de novas formas de fazer, inovadores, ... Na senda da revolução digital. Isto está lá no programa do governo ... E é anseio e élan por essa Europa, e pelo mundo ... Ah, o conhecimento proveniente da cultura e das artes é matéria prima para esse empreendimento ... E daí também o serviço público na cultura e nas artes que tem de ser assegurado. É verdade, o mercado não o garante, e nisso concordamos com o senhor ministro. E para isso, já agora, crie-se um verdadeiro Ministério da Cultura no nosso País. Verdadeiramente, não existe. Como sabemos, ou será que não ?
E rematemos incentivando os trabalhadores que querem fazer revoluções nas administrações públicas. Não desistam estão bem acompanhados:
  
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