domingo, 27 de maio de 2012

1% PARA A CULTURA


Saiu no jornal i mas nós fomos buscar o artigo 1% Para a Cultura, de Tiago Mota Saraiva, ao blogue 5dias que começa assim: «A Direcção-Geral das Artes abriu concurso para “internacionalização das artes”, privilegiando acções em África, na América Latina, na Ásia e na Oceânia. Projectos de arquitectura, artes digitais, artes plásticas, “cruzamentos disciplinares”, dança, design, fotografia, música e teatro deverão mendigar por… 600 000€ – quanto custará a corte que Cavaco Silva levou a Timor?
Não é mistério que, ao longo dos últimos séculos da nossa história, as classes dominantes têm sistematicamente procurado destruir a actividade cultural. Temendo o seu potencial transformador, o actor cultural só é celebrado na hora da sua morte ou quando se perde por salões e comissões de honra do poder.
Contudo, 1400 caracteres não bastariam para listar sequer os casos de sucesso do último ano. Segundo o estudo de Augusto Mateus sobre o sector cultural e criativo, em 2010 este sucesso também tinha uma repercussão significativa na economia nacional, ao nível do PIB ou da criação de emprego.
A destruição metódica de toda e qualquer actividade cultural não festivaleira, a que o actual governo se tem prestado com particular vigor, só é compreensível à luz de um desprezo intersticial. Desprezo incontrolado, mesmo quando a UE anuncia a cultura e os sectores criativos como um dos centros do próximo Quadro Comunitário de Apoio, ao qual Portugal chegará com um sector desfeito pelas políticas da troika.»
(+)

sexta-feira, 25 de maio de 2012

«PARA ACABAR DE VEZ COM A CULTURA»

Depois de sabermos do Post «Para acabar de vez com a cultura», de Daniel de Oliveira,  publicado no Expresso, faz todo o sentido que se traga para aqui, para o Elitário Para Todos, e vamos de encontro a sugestão de um leitor nosso. Nele se pode ler, por exemplo:
«(...)
Também por cá, o sector da tecnologias de informação e do entretenimento é tratado, em discursos de circunstância de muitos políticos, como fundamental para termos algum futuro económico que não dependa de salários baixos. Regresso então à sede da CCP, onde tive uma interessante conversa com um dos responsáveis pelas relações públicas da empresa. Dizia-me Eldor Astthorsson: "A indústria IT não cresce num país onde não haja muita atividade cultural tradicional. É a ela que vamos buscar os músicos, os guionistas, os estilistas, os desenhadores e os realizadores que fazem os nossos jogos. Os computadores não chegam para garantir a indústria de entretenimento".
E isto não se aplica apenas à indústria dos jogos de computador. Não há indústria do calçado, do têxtil ou do mobiliário que sobreviva sem bons designers. E não há bons designers sem bons artistas plásticos. Não há desenvolvimento das telecomunicações, dos novos media e do entretenimento sem conteúdos. E não há conteúdos sem desenvolvimento das artes. Não há turismo competitivo sem atividades culturais. E não há atividades culturais, incluindo as do puro entretenimento, sem cinema, teatro, literatura. Não há cinema comercial sem o experimentalismo do cinema de autor. Não há marketing sem publicidade, não há publicidade sem realizadores e guionistas.
(...)
Se os sucedâneos comerciais das atividades criativas têm retorno quase imediato, o mesmo não acontece com as atividades culturais de que se alimentam. Todos os países desenvolvidos do mundo, EUA incluídos, têm financiamento público à criação artística. E se isto é verdade em países com mercados de alguma dimensão, em países do tamanho de Portugal deveria ser indiscutível. Assim como o apoio público à Investigação e Desenvolvimento não tem retorno imediato mas é central para o desenvolvimento económico e social de qualquer país, o apoio à cultura é prioritário para quem não queira condenar uma sociedade ao subdesenvolvimento económico, social e cultural. Os subsídios à cultura não são uma esmola. São um investimento. Um pequeníssimo investimento, para dizer a verdade. Talvez dos investimentos públicos onde a relação entre o que é gasto e o retorno final é mais favorável.
(...)
 Aqui, pelo contrário, desprezar os artistas e tratá-los como pedintes mimados rende muito aplauso fácil. Pagaremos cara tanta ignorância atrevida». E aqui pode ler tudo.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

25 ANOS DO PRÉMIO PESSOA: QUE PORTUGAL QUEREMOS DAQUI A 25 ANOS?



Voltemos então, como prometido no post anterior,  à Conferência Que Portugal Queremos daqui a 25 anos? Com o texto da intervenção de Luís Miguel Cintra e com o video sobre o Painel em que participou, que teve mais os seguintes intervenientes: José Gomes Canotilho, Mário Cláudio, Manuel Sobrinho Simões, Irene Pimentel.  O moderador foi Nicolau Santos. De seguida,  apenas alguns excertos, como que chamada de atenção para a apresentação completa e para todo o debate:
«Que Portugal queremos daqui a 25 anos?
É desconcertante para mim o tema deste debate. “Que Portugal queremos daqui a 25 anos?.” A pergunta, na sua aparente ingenuidade, quando lhe tentamos responder, levanta a cada palavra tanta questão complexa que com certeza garantirá uma animada conversa, mas não pode chegar, nem com certeza aspira, a nenhuma útil conclusão.
Não me passa pela cabeça que esta primeira pessoa do plural possa ser o conjunto dos portugueses. Não creio haver neste momento, nem nos tempos de que me lembro, qualquer sentimento de unidade nacional que permita reconhecermo-nos num mesmo desejo comum para o país em que vivemos e onde a maioria de nós terá nascido e que se chama Portugal. E tenho muitas dúvidas de que o desejo de cada um dos portugueses passe pelo desejo de termos um país assim ou assado ou cosido. Coisa que aliás não será necessariamente negativa. E bem se entende que muitos não gostem particularmente de ser portugueses. Quantos portugueses têm o país que eventualmente quiseram há 25 anos atrás? (...)
Mas parece que melhorámos e nas artes a internacionalização é agora prioritária fora da Europa. Mas quem não dança um samba ou um funaná, fica de fora, porque nem o ex-mundo português percebe o que falamos.
(...)

Sou uma mistura de basco, francês, inglês e português, nascido em Madrid, comecei por falar castelhano, o que me interessa é conhecer os outros diferentes de mim, e sobretudo que toda a gente seja feliz, todos e cada um. E não estou a desconversar. O assunto é grave. Gostava, como toda a gente, de ser mais feliz. O trabalho dos nossos “representantes” eleitos, é trabalhar para que isso aconteça. Algum deles se lembrará? Eles sim, têm de saber o que queremos para daqui a 25 anos, não podem escapar à pergunta, porque para isso lhes pagamos. São “representantes” dos portugueses, divididos por grupos, é certo, e reduzidos a percentagens. Mas a sua competência depende de saberem responder à pergunta que aqui nos é feita. E todos terão pensado nisso? É logo aí que, para mim a porca torce o rabo. (...)
Tenho 63 anos. Já pouco importa para mim o que quero para daqui a 25 anos. O que me faz aqui estar não é com certeza dizer aos outros que quero ter um país diferente daqui a 25 anos. Se não o tive até agora, não acreditam com certeza que com 63 anos eu acredite que me vão fazer a vontade quando tiver 88. Se Deus ainda me der vida com essa idade hão-de concordar que ter um país assim ou assado ou cosido será com certeza completamente secundário. E pouco interesse terá dizer-vos que quero um serviço de saúde decente, ou melhores transportes públicos. Querê-lo-ia qualquer cidadão em qualquer país. Ou até que mais especificamente quero que aos 88 anos, se lá chegar e não estiver já privado das minhas melhores faculdades, porque casos de longevidade criativa, como o de Manoel de Oliveira vão sendo cada vez mais raros, veja finalmente reconhecido o meu trabalho e o de outros artistas, como de interesse público por um financiamento pelo Estado que me permita fazer teatro não comercial em melhores condições do que até aos 63 quis ter e não consegui.
Mas gosto de viver e quero que depois de mim a vida seja cada vez mais prezada. Só queria que daqui a 25 cada um fosse mais livre de querer do que nós somos. E tivesse mais liberdade de saber e fazer o que quer. E que todos percebessem como a sua liberdade de pensar, de escolher, de construir a sua vida, passa por um respeito pelo ser humano e por si próprio que passa por exigir conhecer como a vida e os homens podem ser diferentes disto. Passa pela construção única e pessoal de vidas diferentes para cada pessoa. 25 anos não é muito tempo. Os premiados que aqui estamos, suponho que todos já o andamos a tentar há mais tempo e ainda pouco conseguimos. Duas coisas deviam ser prioritárias para a nossa felicidade num novo conceito de liberdade que passa pelo respeito pelo outro: a total mudança do sistema de educação e a prioridade na responsabilidade pública para a chamada vida cultural de toda a gente, gastos não lucrativos, a fundo perdido, se a medida é o dinheiro, e independentes das leis do mercado. Creio felizmente que já muitos descobriram que nem vale a pena sujar as mãos e que o que importa é um regresso aos valores humanísticos capazes de voltar a conceder aos indivíduos a liberdade de ousarem ser quem querem ser, sabendo o que fazem e orgulhando-se de um novo sistema político que corresponda de facto à sua vontade.
Aos 63 já se percebe que só há uma razão: ser feliz. E que só serei feliz quando todos o formos, e que só o seremos quando estar com os outros for reconhecer o outro como outro eu, tão livre como eu teria gostado de ser. Gostaria que em 25 anos se conseguisse construir um sentido da responsabilidade individual que acredito ser indispensável para se ser feliz. Com o meu trabalho é para isso que tenho tentado contribuir. E foi a tentar que encontrei a felicidade possível. Luís Miguel Cintra. 
Pode ler a intervenção completa, o texto está disponível aqui. E ver o vídeo de todo o painel neste endereço.

terça-feira, 15 de maio de 2012

LUIS MIGUEL CINTRA ESTEVE LÁ



Ontem assisti à Conferência «Que Portugal Queremos daqui a 25 anos». Nos três painéis havia gente da Cultura. Vão ser transmitidos pela SIC notícias na próxima sexta feira - e viva esta pequena publicidade! Andei à procura do que a comunicação social já teria divulgado, mas precisamente sobre o 2.º painel em que participou Luis Miguel Cintra (que interessa em particular aqui ao Elitário Para Todos) ainda não vi nada. Daí que chame a atenção para o seguinte:  «Às 20h, será a vez de assistir ao debate moderado por Nicolau Santos e em que participaram o constitucionalista Gomes Canotilho, o escritor Mário Cláudio, o encenador Luis Miguel Cintra, o investigador Manuel Sobrinho Simões e a historiadora Irene Flunser Pimentel». Luis Miguel Cintra distinguiu-se, vai ver como. E em determinado momento Gomes Canotilho disse (penso que textualmente): num Estado mínimo não há lugar para o que Mário Claudio e Luis Miguel Cintra querem ...Depois da transmissão voltamos a isto, tomei uns apontamentos. Leia mais.

domingo, 13 de maio de 2012

EXPOSIÇÃO DE DESENHOS DE JOSÉ CARLOS FARIA


25 Planos + 2
Exposição de desenhos de
José Carlos Faria
Museu José Malhoa
Caldas da Rainha
Inauguração 18 de Maio | 18h00
Até 29 de Julho


Aqui está uma iniciativa que dá gosto divulgar. Está bem, declaração de interesses: sou amiga do autor. 


quarta-feira, 9 de maio de 2012

REALIZADORES DISSERAM AOS DEPUTADOS QUE O SETOR «VIVE PERIODO DE COMA»

«(...)
 Nós queremos perceber o que é que vai ser feito para resolver a lei e assumir de facto se o Estado, em termos de Constituição, quer ou não investir na cultura», disse Gonçalo Tocha.
Os três realizadores foram ao Parlamento na véspera dos profissionais do setor realizarem uma ação, às portas da Assembleia da República, de apelo à aprovação rápida da nova lei para o cinema e o audiovisual.
A iniciativa, que decorrerá na quarta-feira à noite, consistirá na projeção na rua de um filme que é uma montagem de excertos de vários filmes portugueses feitos ao longo de cem anos. Na semana passada, mais de vinte profissionais do setor fizeram um ultimato ao Governo, para que aprove a legislação, e anunciaram que vão pedir uma audiência ao primeiro-ministro. (...)».A notícia completa.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

FERNANDO LOPES, CINEMA, CINEASTAS



A partir do jornal Público de hoje, com o realizador  FERNANDO LOPES (falecido ontem) na primeira página, em jeito de homenagem, uma notícia desse mesmo jornal (para a qual não temos link):

Cineastas
fazem
ultimato
ao Governo

«No dia em que terminou o período de discussão pública de uma nova Lei do Cinema, depois de duas prorrogações sucessivas, 21 profissionais do sector subscreveram o texto Cinema Português: ultimato ao Governo em que tomam uma posição pública e dizem que “ao fim de 10 meses de Governo o cinema português corre perigo de vida”.
Hoje, às 17h, no Cinema S. Jorge, em Lisboa, realiza-se um encontro para a discussão e apresentação deste ultimato. Realizadores, produtores, directores de festivais, cineclubes e distribuidores portugueses pedem que “enquanto a nova Lei do Cinema não for aprovada pela Assembleia da República e entre em vigor, o Governo encontre uma solução de emergência para a situação de ruptura e descalabro fi nanceiro do Instituto de Cinema”. Pedem que essa solução permita “dotá-lo dos meios fi nanceiros necessários aos compromissos ssumidos com os produtores e aprovados entre 2010 e 2011”.
Entre os signatários do documento estão os realizadores Gabriel Abrantes, Gonçalo Tocha, João Botelho, João Canijo, João Pedro Rodrigues, João Salaviza, Manuel Mozos, Miguel Gomes, Pedro Costa e Sandro Aguilar, que querem que essa solução de emergência permita também que os concursos de apoio ao cinema de 2011 sejam homologados pelo secretário de Estado da Cultura e contratualizado pelo instituto. (...)»
Adenda - entretanto chegou-nos a informação de que existe uma petição online sobre o assunto,

«CINEMA PORTUGUÊS: ULTIMATO AO GOVERNO»


terça-feira, 1 de maio de 2012

CULTURA NO 1.º DE MAIO


1 POR CENTO PARA A CULTURA
 vai estar no 1.º de Maio. A imagem é do 25 de Abril


«Fomos cerca de uma centena a descer a Avenida da Liberdade. A campanha 1 POR CENTO PARA A CULTURA não pára de crescer e ganha cada vez mais força. Numa semana, desde que foi lançada, a página do Facebook saltou de 2 mil pessoas para um alcance semanal de 50 mil.
Vamos continuar a crescer e a afirmar esta exigência de ambição e generosidade. Todos aqueles que dão o seu corpo e alma à cultura devem integrar esta caravana que percorre o país. O ponto de encontro, em Lisboa, é no Martim Moniz, em frente ao Centro Comercial da Mouraria, às 14h30. Faz a tua pancarta, pinta uma camisola, traz barulho, a voz, a genica e o sonho. Vai começar!»